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sábado, 3 de julho de 2010

ENTARDECER___BASILINA PEREIRA


A tarde desce sem pedir licença
e satiriza o crepúsculo,
inventando cores e formas.
Até os pássaros preparam sua revoada festiva
e desafiam a noite com seu trinado melódico.
Flores mimosas mimetizam o seu perfume,
enquanto as estrelas descerram sua cortina de luz
e começam a exibir infinitos archotes no penhasco do infinito.
Cá dentro do peito também a tarde cai.
O crepúsculo que aqui se forma é feito de transformações e esquecimentos.
Longe ficaram os rubores da inocência e o elã da juventude.
Nos canteiros, pedras e flores recolhidos pelo caminho.
Nas pegadas íngremes do tempo, rastros esmaecidos
e soterrados pela poeira dos anos.
Mas minhas nuvens não destilam mágoas nem se ressentem das dores.
Percebo a linha do horizonte com seu enigma flutuante
e sua astúcia não me abala.
Só quero que a janela permaneça aberta
e que o brilho dos meus olhos possa se banhar na lua.


Basilina Pereira

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