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domingo, 25 de janeiro de 2009

O RIO AMANHECEU CHORANDO____NÁDIA DE SOUZA


O Rio amanheceu chorando
Era tanta água
Que achei que era o mundo
Pensei por uns instantes
Que chorava minha dor
Tola
Diante das guerras, misérias
Crianças famintas, escravas
Vilipendiadas na sua inocência
Mães que perderam seus filhos
Diante da Cuba bloqueada
O mundo cristão assassinando Maomé
Minha dor não é nada
Como nada sou.
O dia amanheceu chorando
Um pranto de ribanceiras
Desfolhar da primavera
Desnudando as amendoeiras da Glória.
O Outeiro, debruçado sobre a marina,
Lamenta a lama que desce sobre o asfalto.
A mesma lama/lamento de nossas cabeças
Cobre o chão escondendo nossas vergonhas.
Uma autoridade diz: “é a natureza”
Eximindo-se da sua culpa de nada fazer

Invoco Bakunin. Pra que Estado?
“Somos escravos de altos tributos
Corrompidos pelas instituições
As reticências, as meias verdades
Os pensamentos castrados
As atenuações complacentes
E concessões de frouxa diplomacia
Não são os elementos
De que se formam as grandes coisas”
Nossas necessidades básicas continuam a existir
E não seremos grandes.

A cidade amanheceu chorando
E toda minha existência Nietzscheneana
Vem a tona questionando o ser.

Ficarei em casa, ouvirei Maria Callas
Amarei Tristão pela útima vez
E quem sabe “o apanhador no campo de centeio”
Dê-me uma arma para eu dar cabo de mim.

Nádia de Souza

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