quarta-feira, 18 de junho de 2008
Maria Angélica Bernardes dos Santos - nasceu em SantoAntônio do Monte - MG. Tem três filhos e três netos.Em 1970 mudou-se para Belo Horizonte onde trabalhou como professora, tendo se aposentado em 2005. Desde 1995, atua também no atendimento clínico psicopedagógico.Participou das antologias no XIV e XV Congresso Brasileiro de Poesias,em Bento Gonçalves, RS, (2006 - 2007) e no Belô Poético (2007). Seu poema Saber Hiperativo foi publicado na revista EPSIBA, em Buenos Aires(2006).
Contato:bilapsi@gmail.com
**Textos extraídos do site www.almadepoeta.com
PARA APRENDER___BILÁ BERNARDES
Para Aprender
alfabeto
ou qualquer outro
dialeto ou objeto
não basta estar alerta
não basta o concreto
Para Aprender
e transformar
conhecer em saber
não basta decreto
muito menos resolve
ficar quieto
em atitude correta
Para Aprender
qualquer coisa
que lhe afete
marque, transforme
e se construa projeto
há que circular
o afeto
Bilá Bernardes
NO ESPELHO____BILÁ BERNARDES
Meu espelho reflete
paisagem que procurei
escolhi
Meu espelho me mostra
belezas que encontrei
reconheci
Meu espelho retoca
um tempo em que chorei
vivi
Em meu espelho os riscos
de sonhos que sonhei
construí
No espelho as marcas
de tempos em que muito amei
senti
Percebi no espelho
que a vida não só passava
ela entrava em mim
Bilá Bernardes
QUEM É IZABEL DIAS
Izabel Dias é paulista nascida em Mauá.Atualmente reside em Guaratinguetá/SP.Sempre adorou poesia, mas descobriu há pouco tempoesta magia de falar em versos.Formada em Ciências Econômicas, Automação de Escritórios e Secretariado.Está iniciando seu vôo na poesia.
Contato: belgod@hotmail.com
**Textos extraídos do site www.almadepoeta.com
ANJOS AMIGOS___IZABEL DIAS
Existem anjos que
despem-se de suas
asas pra estar entre nós,
como gente.
Com seu carinho,
traz a amizade,
o respeito e fazem
nossa vida mais doce.
Sofrem até mais
que humanos,
mostrando assim a
presença de Deus
em nossas vidas,
através da humildade.
Ficam durante o
tempo necessário
à sua missão e
quando chega a
hora de vestir asas
as e alçar novo
vôo para o lugar
onde é chamado,
deixam muitas saudades,
mas também a certeza
de que fomos abençoados
pela presença deste
anjo carinhoso,
que por onde for
levará a união e o
carinho, fazendo
sempre uma ciranda
de amigos...
Uma e (terna) amizade!
Izabel Dias
TRISTEZA___IZABEL DIAS
Tem dias que a tristeza
vem dissimulada...
Pega carona na brisa suave,
Chega de mansinho...
Se encontrar uma fresta,
transforma-se...
Vira furação,
Arrebenta fechaduras
Escancara todas as portas...
A alma se vê nua
Com vontade de chorar,
Desamparada,
Solitária a soluçar...
A calma chega.
Os soluços diminuem,
Olhos inchados,
Cansados.
O sono corre pra ajudar,
Mas sinto frio,
Quisera um cobertor
Pra aquecer minh'alma;
Vou procurar no sonho.
Amanhã será outro dia,
Prometo não chorar
Izabel Dias
CORPO E ALMA___IZABEL DIAS
A noite alforria suas sombras,
E seus fantasmas,
Deixa minh'alma
em constante conflito
com meu corpo.
Ela sabe voar e irao encontro da Paz;
Procura-te em sonho
se consegue suprir a
necessidade de carinhos,
a falta que me faz...
Mas o corpo, obstinado,
perece na matéria do meu eu;
Teima em aprisioná-la,
torná-la escrava dos ciúmes.
Visões e sentimentos
se confundem.
Minhas idéias
lançam gritos de dor,
gotejam lágrimas sentidas,
transbordando o rio,
que se recusa a secar.
Talvez, fosse eu:
o etéreo...
a brisa que toca tua face,
ou a luz que ilumina
os teus dias,
e eu traria muita paz,
aqueceria tua alma,
seria o teu Sol,
O nosso calor...
Não veria mais o breu da noite
E estaria, pra sempre,
Aconchegada no teu peito...
Quanto a mim,
eu seria só AMOR.
Izabel Dias
MEU SONHO____IZABEL DIAS
Cansada, adormeço.
O sonho chega...
Estou perdida em labirintos,
Está escuro e tenho medo.
Como louca, eu grito...
Você chega...
Não te vejo
Mas te sinto.
Tua presença me acalma,
Teu calor aquece a alma!
Mesmo escuro,
Sei quem és
Nunca te vi,
Sempre te amei.
Uma vida a te esperar,
Em muitos lugares, fui te procurar
Busquei-te em cada alvorecer
Mergulhei em rios escuros
Sufoquei-me em prantos.
Como demorastes a chegar!
A noite se vai
O Sol traz a luz
Abro os olhos e te vejo
Não estou a sonhar
Sinto-te aqui
Em meu peito,
Amor, Você!
Izabel Dias
SAUDADES DE MIM____IZABEL DIAS
Indefinível saudade!
Saudades do que não fui?
Ou do que não vivi?
Saudades do que não sei...
Sinto saudades de mim!
Perdi as asas ao caminhar.
Sozinha, no caminho sem destino,
sento e choro de saudades dos
anos que se foram e me deixaram aqui.
Dormi demais. A vida me sedou.
Sou mulher com vontades de menina.
Sai do prumo, estou sem rumo,
não sei para onde vou...
O espelho me diz que
está tudo bem.
Ele mente.
Vou quebrá-lo.
Superstição?
Quebrarei também.
Ninguém consegue me ver
além de mim...
Espero que ao menos
alguém possa me ler
nas entrelinhas, reticências,
aquém de mim...
Não sou poesia,
Nem poema.
Sou apenas alguém,
com saudades de si...
Izabel Dias
QUEM É TADEU PAULO
Tadeu Paulo, como gosta de ser chamado, nasceu na cidade do Rio de Janeiro, na era do Rio boêmio e da malandragem sem maldades. Estudou música e piano erudito até os 17 anos. Desde muito cedo, também, enveredou pelo caminho das letras, dedicando-se, primeiro à poesia. Com o tempo, passou a escrever textos um pouco mais exigentes e complexos, pela ordem, como, crônicas, contos, um romance e uma novela, além de uma peça para teatro. Curiosamente, jamais deixou que publicassem seus textos, embora a insistência de familiares, amigos e interessados em seu trabalho. Formado em Direito pelo Centro Universitário de Brasília – o CEUB, além de outros experimentos de curso superior (Problemas de Expressão, UnB). Venceu alguns concursos literários, o último deles em 1985 (o Concurso de Literatura, patrocinado pelo TST), onde foi primeiro colocado nas duas categorias a que concorreu: Crônicas e Poesias. Primeiro lugar no Concurso da Comunidade Poemas à Flor da Pele, em 01/05/2007.
Contato:tadeupaulo@uol.com.br
*Textos extraídos do site www.almadepoeta.com
PENTAGRAMA____TADEU PAULO
Eu, só, cismo;
Eu sofismo;
Sofro, sangro e supero..
À dor me crismo,
Na cor escura
Do escarpado abismo.
A brancura impura,
Esse pecado, eu quero!
O meu grito só ecoa aflito
No aflito flerte
Do meu grito
Com o toque doce e reto
Do meu túmulo
Pois na rima rica
Desse rito,
Que me verga
E que me veste
Desse mito,
Sinto o acre
E ácido acúmulo
Em que me fito!
Tadeu Paulo
SENTINDO O GOSTO DA SAUDADE____TADEU PAULO
fluiu dos olhos,
(úmidos e molhados olhos)
riscou o seu caminho,
no rosto em desalinho,
e pendeu do queixo
por alguns momentos;
outros lábios, no entanto,
sorvendo teus sentimentos,
a furtaram de tua face
para te dara alegria de beijos...
fazer-te esqueceras saudades
e provar daquela lágrima,
agora na língua,
o sabor de tua tristeza!
Tadeu Paulo
QUEM É TONHO FRANÇA
Tonho França, é paulista, nascido em 1965, sob o signo de Áries, começou a escrever aos 12 anos para o Jornal “A Tribuna do Norte” de Pindamonhangaba. Depois de longo tempo em outras atividades, o poeta retorna e dedica-se a poesia, tem dois livros solos publicados “Entre Parênteses” e “Sinos de Outono”, e participação em 12 coletâneas, é membro da U.B.E, e da A.P.P.E.R.J. Ministra oficinas de poesia, faz trabalhos voluntários na área cultural para Ongs. Escreve editoriais e poesias para alguns jornais da região. “Escrevo não para agradar ou convencer, escrevo o que minha alma grita e meu coração extravasa, por devoção a arte, escrevo por ser extremamente a verdade”
Contato:E-mail: tonhofranca@terra.com.br
*Poemas extrídos do site www.almadepoeta.com
BLUES Á TARDE (COM FLAUTA DOCE...)___TONHO FRANÇA
Pausa à tarde ecoa flauta doce
Pelos canteiros da avenida
Brilha um alecrim-de-angola distraído
O charuto cubano mantém-me sóbrio
Apesar do cheiro de anis
(não aspiro à pressa dos prédios e dos homens)
Os elevadores presos no subsolo
Deixa-me com sensação de liberdade e improviso
(lembra-me blues, solos de blues)
Ainda tenho uma ampulheta,
Uma estatueta de louça
Fotos onde amarelam sorrisos brancos de tantos amigos
(todos ali estáticos como se não houvessem partido)
Um sax americano dos anos sessenta
E alguns selos antigos
(o camelô da esquina vendia-me até sonhos...)
mas o charuto cubano é legítimo
essa lágrima que verte sozinha, é legitima
o verso que hoje não escrevi
fez-se por si e é legítimo
e essa pausa na tarde que ecoa flauta doce,
faz o sol pôr-se em mim, sol em mim
solos de blues,
solos de blues,
solos de mim...
Tonho França
SAUDADES,NADA MAIS...____TONHO FRANÇA
Almíscar, Artemísia, hortelã,
arruda, manjerona, cidreira,
Sonhos antigos semeados
Por canteiros e orações.
O colibri entre seduções,
Descansa na mangueira,
A tarde parece descer a serra,
Como se em prece, tão serena,
A noite logo chega,
O vazio na rede, tange o coração,
Lembra o amor que não se fez,
Voa colibri, um dia eu vôo de vez.
Tonho França
SEM AMOR_____TONHO FRANÇA
Lanço ao chão a última taça
O cristal que já fomos cacos são.
E maldito seja o vinho que nele brindamos.
Éramos eternos, de repente passamos.
Já é tarde para qualquer pergunta
Já passou a hora de termos vozes,
Nenhuma música toca,
Nenhum ponteiro se move
O universo em profunda dor silencia
Enquanto os anjos reerguem as ruínas
Pois sabem, o mundo morre um pouco
A cada amor que termina.
Tonho França
ABAJUR____TONHO FRANÇA
Na sombra calada do abajur
Traços claros de um tempo
Que já não é mais.
Onde a música ouvia-se livre
A reluzir nas louças,
Nos vidros antigos da cristaleira.
O mesmo relógio que canta as horas
Inteiras, canta as meias-
Badalas parecem eternas,
Ba da la das
Ba da la das
O cachimbo e um vinho do porto
Protegem-me da solidão das pessoas
Mas o mundo ainda parece tão perto
Ba da la das
Ba da la das
A vida foi-se nos olhos claros da madrugada,
Na sombra calada do abajur
Já não mais.
Jaz...
Tonho França
quarta-feira, 11 de junho de 2008
QUEM É NÚRIA CARLA
Núria Carla Figueiredo Silva, nascida em Paranaguá, no Paraná. É acadêmica de Letras e de Direito. Escreve em sites literários há 3 anos. É membro efetivo da Academia Virtual Sala dos Poetas Escritores (AVSPE), de Efigênia Coutinho. E do site Luso Poemas, donde foi destaque em maio de 2008. Seus sonetos foram declamados no áudio blog do jornalista lusitano Luís Gaspar, no programa Lugar aos Outros nº 71. Fez parte do livro da escritora Vilma Belfort “Fique Comigo”, no poema Nada Demais. Presente também na Antologia de Poetas Brasileiros Contemporâneos 45º volume, da Câmara Brasileira de Jovens Escritores com o soneto “Apologia à Poesia”.
SONETO AO SONETO___NÚRIA CARLA
De que me vale prisão sem volta,
De ancorada face bela aventureira,
De onde sonhos em revolta devotas,
Mantos de honras se espalham verdadeiras!...
E na freqüente honraria que vicia,
Na beldade de versos ritmados,
E na prisão em algemas ferinas,
Nos pulsos dos poetas cansados!...
Solidão a aportar em rimas solenes,
Em pétalas de sonhos, em críticos dias,
Regalo em anos-luz de alegrias!...
Não serei cativa de versos amargos,
Mas serei amante de versos malditos,
Se das prisões, sonetos libertados!...
Núria Carla
(Ledalge-pseudônimo)
(Ledalge-pseudônimo)
AMBICIOSA____NÚRIA CARLA
"Para aqueles fantasmas que passaram,
Vagabundos a quem jurei amar,
Nunca os meus braços lânguidos traçaram
O vôo dum gesto para os alcançar..."(FLORBELA ESPANCA)
(....)
Meus braços que te acolheram com fulgor;
Como correntes de oiro e pedrarias,
Pondo acima do irracional ardor,
Meu seio, meu corpo em alquimia!
Em consagração ao teu ébrio abraço,
Pus-me a acender a chama da paixão...
Tormenta voraz, que me acorrenta ao teu laço,
Fagulhas de prazer, neste meu mundo sem razão!
Vasculha-me agora a alma quimera!
Corta-me os pulsos, se preciso for!
Mas, permita-me antes te dar de sobejo...
Meu tenaz amor, envolto em desejo...
Numa cama ardente, sem medo e pudor!
Corta-me do orgasmo, a jugular pantera!
Núria Carla
(Ledalge-pseudônimo)
AMAVAS___NÚRIA CARLA
Numa face concreta deste insano,
Peito meu, frio, ao teu edificavas,
Ah! Nígeras vozes ocultavas,
Na ternura evasiva, ledo engano!
Foi aqui, que ao meu choro amavas,
Fizeste deste meu corpo, leviano,
E desta mente, um roto pano,
Onde teu gozo sapiente, despejavas!
E hoje – sua imensa insensatez,
Fez de ti, ébrio nas lamas,
Que choras do temor em viés...
Mantendo-te um cão à palidez,
Permito-te ao meu olhar, as damas,
Que fazem dum homem, os seus pés!
Núria Carla
*Inspirado em PÉRFIDA, de Francisca Júlia.
FILHA MINHA____NÚRIA CARLA
Doce sorriso esse que t'envolve,
Como o macio travesseiro que acalenta,
Minhas noites de sono, onde te aninhas
Em meu colo, pra ter meu peito...
Doce caminhar é esse da esperança,
Que tens, quando acordas toda manhã
Seus olhos brilham, querendo descobrir
Um mundo lá fora pra seres feliz!
Neste meu soneto singelo,
Saibas que em ti, me vejo...
Como a menina que renasce...
Sem a sombra da tristeza...
Vida sem ti, não tem essência,
Basta apenas que me sorrias
Núria Carla
A FLOR DE LÓTUS____NÚRIA CARLA
Sou a alma em flor que labuta a vida
Que floresce nas madrugadas ventanas
Sou o hemistíquio solto, a guarida
Sou a tamanha florada ozana!
E que seja feliz em meus caminhos!
Pelos beija-flores ser beijada...
Pelas montanhas de oiro, sem espinhos
Sou a acariciante flor amalgamada!
E se sorrio pro mundo, pros receios!
Recrio sonhos em meu próprio seio...
Sou a flor que silva na estrada!
E que quer ser nuamente amada
Nas tardes ao vento, ser cortejada
Com meus sinais de méis, eu creio!
Que floresce nas madrugadas ventanas
Sou o hemistíquio solto, a guarida
Sou a tamanha florada ozana!
E que seja feliz em meus caminhos!
Pelos beija-flores ser beijada...
Pelas montanhas de oiro, sem espinhos
Sou a acariciante flor amalgamada!
E se sorrio pro mundo, pros receios!
Recrio sonhos em meu próprio seio...
Sou a flor que silva na estrada!
E que quer ser nuamente amada
Nas tardes ao vento, ser cortejada
Com meus sinais de méis, eu creio!
Núria Carla
(Ledalge, A Flor de Lótus)
(Ledalge, A Flor de Lótus)
COMO ESTÁTUA___NÚRIA CARLA
Fria, demente e insensível
Vagando por céu d’spuma
Nauta, romântica e terrível
Como estátua de gélido bronze
Escarro sonhos em suores brumas
Que recém dos pombos o batismo sagrado
Escombros sem cinzas
Da boca, somente restou sorriso pálido
Sem veste que esquentem minh’alma
Como estátua que morre sem o viço da calma.
Vagando por céu d’spuma
Nauta, romântica e terrível
Como estátua de gélido bronze
Escarro sonhos em suores brumas
Que recém dos pombos o batismo sagrado
Escombros sem cinzas
Da boca, somente restou sorriso pálido
Sem veste que esquentem minh’alma
Como estátua que morre sem o viço da calma.
Núria Carla
quarta-feira, 4 de junho de 2008
Biografia____Mara Araújo
Me pedem para falar de mim. Me retraio, cismada como um gato. Me pergunto pra que? preciso falar de mim? Não posso ser aquela que apenas sente, que apenas sonha? Preciso ter um nome, um sobrenome? Começo a tatear passado gradativamente. Meio confusa com quem sou. Sou tantas voltas rodopiadas. Preciso falar que habito no mato, isolada? Em cio constante com a vida. Me equilibrando em corda bamba, e as vezes fujo de mim? Navego em mares bravio e sinto medo. As vezes sou um pântano cheio de cipreste e ficção. Sou de intensa intimidade. Fico confusa querendo entender o que expor. Posso dizer que me sinto filha do vento. Que durmo nas luas. Mergulho nas ruas. Voo com borboletas e tenho cheiro de flor. Num estado além da compreensão. Sangrando todos os meses unilateral. Cativa e igual. Me pedem pra falar de mim. Me retraio... cismada como um gato.
Fragmentos____Mara Araújo
Ah olhos meus que navegam mansamente em olhos teus. Ah olhos teus não tentem me enganar encantando os olhos meus. Não digam que é passado que viveram os olhos teus. Ah olhos meus não desvendem os mistérios que brilham aos olhos meus. Ah olhos teus não digam que a intensidade o amor e a paixão se varreram aos olhos teus, só os vendo os olhos meus. Ah olhos meus que navegam mansamente em olhos teus que acha que hoje é poema devaneios e solidão. Ah olhos teus eu vejo que ainda resiste desprendido e comovido. E que são de rara beleza aos olhos meus. Ah olhos meus não creia no que lhe dizem os olhos teus. Que está infinitamente cansado, desprotegido e alheio aos olhos meus. Dentro desta hermética foto feito um arquivo secreto, apenas humano aos olhos meus. Que navegam em olhos teus.
Me Calo!____Mara Araújo
POR QUE ME CALAR QUANDO MINHA ALMA GRITA? PORQUE ME CALAR QUANDO O CORAÇÃO DESCOMPASSA? PORQUE CALAR, NÃO GRITAR, NÃO FALAR QUANDO SE EMANA SENTIMENTOS TÃO PLENOS? PORQUE O SILENCIO COMO REGRA? ESSE SILENCIO COVARDE E INFERIOR. PORQUE ESSA MÃO QUE APERTA A GARGANTA, QUE ME SUFOCA SEM DÓ? PORQUE ME CALAR SE A VONTADE É GRITAR, É FALAR, É CONTAR, É SANGRAR. PORQUE ME SINTO PRESA A ESSA FORMA DE VIDA QUE NÃO CONHEÇO, HERMÉTICA, COMPACTA, QUE ME AFOGA ,ME SUFOCA, ME COMPRIME. PORQUE ME ADEQUAR, ENTRAR NA FILA, MARCHAR, QUIETA E IGUAL? MEU CORPO TREME DESIGUAL, IMPARCIAL E OBSCENO. PORQUE CALAR, DISSIMULAR, CONTROLAR, QUANDO A MINHA VONTADE É GRITAR, É FALAR QUE JÁ NÃO ENTENDO MAIS NADA, QUE SOU FRACA, E ME DESCONTROLO TENTANDO CONTROLAR ESTA NECESSIDADE TORTURANTE DE TE QUERER MAIS PERTO, UM POUCO DENTRO DE MIM...
Vortíce____Mara Araújo
Quero beber o inatingível. Ser além. Engolir estrelas e andar por ai em campos abertos. Grávida de sonho e etéreo amor. Invisível. Quero plantar margaridas, violetas e jasmins. Violando o espaço físico. Mudando o ton. Quero sorver o arrebatamento em espirais, como a saliva que molha os lábios bem devagar. Engolindo a paixão da boca molhada e quente. Quero verter o amor em extase. Sentir braços, pernas e coxas na pele das sensações. Sorvidas como Jaca madura, doce, melada, a lavar me o rosto alterado e ardente. Quero sim, quero mais! Quero o arremeço ao abismo de mim. Seduzida, estremecida. Nua nas circunstâncias.
Flores Mortas____Mara Araújo
Crianças rotas. Rolando em calçadas sujas. Fragilizadas e andarilhas, onde a vida passa lentamente. Crianças sendo pisadas, massacradas, expurgadas de compreensão. Crianças drogadas, desencantadas, alienadas, despreparadas e tão infantis à margem. passamos, olhamos, negamos essa tal aberração em preto e branco. O colorido morreu enterrado entre o medo e a indiferença. Fazem parte das ruas por onde caminho apressada tentando sobreviver. Passam aos meus olhos decantados como paisagens mortas, paisagens nuas. Sentadas, deitadas, enroladas, largadas ao relento e cansadas. Em eterno desamor que me fere a alma. Cheirando a cola dos meus sapatos sujos que me dão dignidade. olho para os lados. Não quero ver. Olho as de frente... e o medo! Porque este medo indecente covarde me retrai, quando quero dar direção? Crianças oprimidas e tristes, com olhos de desencanto. Suas bocas gritam, seus olhares agridem, e eu passo! tentando me esconder, me proteger do medo, das lembranças. Caminho em ruas tropeçando em corpos e caminhos andados. Voltando ao princípio de mim!
Compasso Lírico___Mara Araújo
Ah sublime magia. Esta que hoje veste meu peito, colorida e risonha. Amo te na essência por traz do escuro dos olhos, onde se guarda a alma em silencio. Amo te na transparência de um desnudamento de flores angelicais. Ah eu te amo meu amor. Pacificamente te amo enluarada e submissa. E colho raios de sol que emanam do seu corpo que agora jaz encantado. Prazeres que rompem comportas do meu corpo resguardado e dependente.Eu te amo nas horas maduras de consistente beleza. Ah êxtase sublime que seduz e me inunda o corpo no andar da horas. Amo a paixão que se esbarra, que se faz presente a invadir-nos em lassidão. Poema que nos absorve em paz ritmada e calma. Em doce enternecimento.