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quarta-feira, 4 de junho de 2008

Flores Mortas____Mara Araújo


Crianças rotas. Rolando em calçadas sujas. Fragilizadas e andarilhas, onde a vida passa lentamente. Crianças sendo pisadas, massacradas, expurgadas de compreensão. Crianças drogadas, desencantadas, alienadas, despreparadas e tão infantis à margem. passamos, olhamos, negamos essa tal aberração em preto e branco. O colorido morreu enterrado entre o medo e a indiferença. Fazem parte das ruas por onde caminho apressada tentando sobreviver. Passam aos meus olhos decantados como paisagens mortas, paisagens nuas. Sentadas, deitadas, enroladas, largadas ao relento e cansadas. Em eterno desamor que me fere a alma. Cheirando a cola dos meus sapatos sujos que me dão dignidade. olho para os lados. Não quero ver. Olho as de frente... e o medo! Porque este medo indecente covarde me retrai, quando quero dar direção? Crianças oprimidas e tristes, com olhos de desencanto. Suas bocas gritam, seus olhares agridem, e eu passo! tentando me esconder, me proteger do medo, das lembranças. Caminho em ruas tropeçando em corpos e caminhos andados. Voltando ao princípio de mim!

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