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domingo, 20 de janeiro de 2008

OLHOS OPALINOS____OSWALDO ANTÔNIO

Pudesse eu
nesta minha vida
de dúvidas desmedidas
voltar às certezas singelas
de minhas primeiras convicções!

Crer no Natal
com olhos de pedras preciosas
e no Ano Novo
com olhos de eternidade.

Ver o futuro
com olhos de castelo de areia
e o presente
com olhos de infinidade.

Viver a realidade
com olhos de duendes
c os sonhos
com olhos de perenidade.

Pudesse eu
ir buscar no meu abandonado caminho
todos os olhos que perdi
e com eles todos em contemplação
redesenhar delicadezas,
reinventar gestos,
redescobrir gratidões
e prescrever serenidades!

Pudesse eu
ter todas as minhas feridas
curadas pelo beijo
de minha mãe!

Porém
estou na idade de olhos opalinos:
- eles não enxergam
além de um presente amorfo.

Estou na idade
em que beijos
não curam;
beijos ferem.

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